29 de dez. de 2009

nada pó

queria fazer poesia, mas só sabia falar de si. Suas dores, suas roupas, suas cores, sua magia inventada, irreal, deslocada. Queria fazer contos, mas as estórias eram sempre iguais: romances, tragédias, e os personagens: imutáveis, desapercebidos do ódio e da dor que quem sentia era ela. Não havia enredo porque não havia o que contar. Não ia além do óbvio, do igual de cada dia. Todavia, também não era superficial. Simplesmente era nulo, era inerte, era vago e parado, era nada. Isso, a vida dela era um nada. E então entrava num dramalhão -quem nem mexicano, nem cubano, (nem brasileiro mesmo chegava a ser)-, numa descortesia com seus próximos, com seus íntimos e explodia. em êxtase? Não, em pó. E retornava, no outro dia, ao parado. Se ela se importava? Claro que sim! Mas não o bastante pra mudar. Pois só se dava conta do terrível, do exdrúxulo, do ínfimo que a fazia querer uma mudança lógica e rápida quando estava sem saída alguma, quando não adiantava mais (mesmo que, ora, sempre haja uma saida). Do pó ao nada, do nada ao pó e do pó ao pó e do nada ao nada e o pó o pó e o nada o pó o pó e nada nada nada.

Um comentário:

coiote disse...

sei como é depois do pó, sente-se nada e quer retornar.