27 de fev. de 2010
de quando os sapatos de cristal fazem rachaduras
era medo? Ou era falta de amor? Aliás, amor – o que é isso? O jeito que me olha depois que me beija? O sorriso tímido, quase nulo - mas presente, que talvez só eu perceba-, que desprende quando conversamos sentados no bar? O jeito informal que poucos acham graça, todavia nós – abertamente estúpidos- adoramos nas cenas tão pequenas. Isso é amar? Porque se é, não é falta, não é carência, nem chega a ser solidão. É mais profundo, vai além. Não tem a ver com você, não tem a ver com qualquer outro ser. É quando se olha para o que se conquista e simplesmente não faz diferença. É querer estar onde não se pode estar, com quem não se pode estar, fazendo exatamente aquilo que –no futuro, quando alcançado- vai voltar a não ter importância alguma. É insatisfação existencial o nome disso. Falando assim parece expressão clichê de livro de psicologia. Mas vai definir como? Medo do agora? Ausência do futuro? Porque, repito, falta de amor não é. Não do que vem dos outros. Se for falta de amor, ah, então é próprio. Estar sozinho não é estar só.
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