28 de out. de 2007

O segredo

Eu que não sou o que pareço ser. Eu que desloco os sentimentos em direção à caixa mágica do vazio. Eu que não idolatro o que se faz idolatrado, que não casei com o sistema, que não comprei uma calça de duzentos reais, que não passo as tardes colecionando fotos de um bar qualquer, que não edifico o que não pode ser tocado, que não traduzo em palavras o que apenas pode ser sentido. Eu que deixei o aparelho sem corrente elétrica, que apodreci sozinha no meio da sujeira, que libertei o pássaro da prisão, que esculpi minha própria cela. Eu que não sou você. Você que ignora os fatos, mas que se faz certo por senso-comum. E agora, eu passo a ser quem?

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